domingo, 8 de fevereiro de 2009

QUIQUE DÁ LIÇÃO

A histeria continua na comunicação social lisboeta, com o grande destaque deste clássico a ser dado ao lance do golo do FCP. Penalty? Não? A velha questão da intensidade, dirão os imparciais, mas os comentadores da SIC notícias, com destaque para o repórter e para o "douto" Rui Santos consideram que o Benfica foi espoliado. Quanto ao lance da primeira parte, em que Lucho Gonzalez foi carregado na área benfiquista, com o árbitro a dar a lei da vantagem, quando não o pode fazer, nem um comentário, nem sequer uma referência... E continua assim a campanha...
Rodriguez

FC Porto 1-1 Benfica
Houve quem dissesse que os clássicos não se jogam, ganham-se. É mentira. Como o resultado do F.C. Porto-Benfica justifica, aliás. Por princípio os clássicos não se ganham: jogam-se e sofrem-se. Sobretudo sofrem-se. Por isso tornam-se jogos mais emotivos do que propriamente espectaculares. O clássico desta noite foi-o sem dúvida.
Serve esta introdução para dizer que o Benfica esteve a vinte minutos de ganhar no Dragão. Não o conseguiu porque uma grande penalidade inexistente o impediu, ao mesmo tempo que lançou o F.C. Porto para a procura da vitória. Mas esteve a vinte minutos de ganhar o clássico porque tem um jogador que não sofre, pensa futebol.
Pablo Aimar, claro. O argentino foi a pedra de toque que sustentou o melhor Benfica dos últimos anos no Dragão. Talvez melhor até do que a equipa que há três anos ganhou com dois golos de Nuno Gomes. Mais competente, pelo menos. Uma equipa que surgiu na segunda parte segura, personalizada, a matar os tempos de jogo e a reacção portista.
Até ao minuto em que Pedro Proença se deixou ludibriar pela queda de Lisandro, o jogo parecia controlado. Um remate de Hulk para boa defesa de Moreira era o melhor que o Porto tinha conseguido em 25 minutos de desvantagem. Na origem deste bom Benfica esteve Aimar, claro: inteligente, maduro, tecnicista, distinto. Deu estamina à equipa.
A grande penalidade inexistente, por suposta falta de Yebda sobre Lisandro, alterou tudo. Lucho marcou da marca de onze metros, como tinha marcado na primeira volta (os azuis esta época só marcaram de penalty ao Benfica), o F.C. Porto moralizou-se e o empate tornou-se um mal menor para os encarnados. Por isso o resultado é justo. Muito.
Mais F.C. Porto primeiro, melhor Benfica depois
O F.C. Porto foi de resto mais ofensivo, mostrou mais vontade deliberada de ganhar, teve mais ocasiões de golo e por isso saltou mais à vista. Na primeira parte, sobretudo na primeira, criou várias oportunidades para marcar. Lucho, Lisandro, Hulk ficaram muito perto de inaugurar o marcador e só não o fizeram por desacerto na finalização.
O Benfica, é verdade, demorou a entrar no jogo. Só na parte final da primeira parte é que conseguiu equilibrar as coisas. Até aí tinha mostrado uma faceta normal nos últimos anos no Dragão: receio. Demasiado receio. Os adversários eram sempre mais rápidos, mais expeditos, mais furiosos. Por isso dominavam e carregavam sobre o ataque.
Até que um pequeno argentino decidiu assumir a condução do futebol da equipa. Um daqueles jogadores não faz tudo no limite do esforço. Nada disso. Um jogador que não sofre a emoção dos clássicos, desfruta-a. Com isso moraliza a equipa, tranquiliza-a, personaliza-a. Nessa altura o Benfica sentiu-se bem, melhorou e cresceu até marcar.
Como muitas vezes esta época, marcou de bola parada. Num canto em que Rolando ficou parado e Yebda cabeceou para golo. Empurrando o Benfica para uma segunda parte segura, até ao instante em que Pedro Proença se equivocou. O que diz tudo sobre a sua noite. No final o empate é justo. O F.C. Porto atacou mais. O Benfica pensou melhor.
O empate deixa tudo igual: um ponto separa os dois candidatos. Temos campeonato.
Maisfutebol

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