Não obstante a campanha suspeita da comunicação social desportiva, que tenta a todo custo e incompreensívelmente voltar a levar o Benfica ao colo para o título (as páginas dos jornais de ontem faziam manchetes com o nome do Benfica na reportagem do empate do FC Porto), numa atitude que se repete ano após ano e que não é benéfica ao futebol português; os encarnados fizeram questão de refrear os ânimos e imitar os seus perseguidores, ao empatar a zero com o Nacional.
Rodriguez
BENFICA 0-0 NACIONAL
Mas que se passa? O primeiro lugar, outrora o mais desejado por todos, parece agora pouco atractivo. Primeiro foi o Sporting a desperdiçar a oportunidade de chegar lá à frente. Seguiram-se o Leixões e o F.C. Porto, que entregaram a liderança de bandeja ao Benfica. A fechar a ronda, a equipa de Quique Flores não conseguiu fazer melhor do que os adversários directos e também não foi além de um empate diante do Nacional.
O Benfica partiu para esta ronda, no início da semana, com uma missão bem delineada: vencer o Nacional para virar o ano no primeiro lugar. No entanto, os adversários directos baralharam tudo no fim-de-semana, entregando a liderança de mão beijada e diluindo o objectivo dos encarnados. O título de campeão de Inverno estava garantido e a possibilidade de reforçar a vantagem parece que nunca foi tónico suficiente para motivar os homens de Quique esta noite.
O Benfica até entrou determinado com um meio-campo de força, com Katsouranis e Yebda no miolo, Ruben Amorim sobre a direita e Di Maria a fazer de Reyes no lado contrário. Na frente, Cardozo voltou a ser primeira opção para fazer companhia a Suazo. Ao ritmo dos impulsos de Di Maria e apoiados nas constantes movimentações de Suazo e Cardozo na área, o Benfica parecia assumir o estatuto de líder diante de um Nacional que entrou na expectativa, recuado sobre a sua defesa.
No entanto, assim que o Nacional ganhou alguma confiança e tentou sair a jogar, colocou em evidência uma enorme lacuna no desenho dos encarnados. Havia um espaço enorme a separar Yebda e Katsouranis de Suazo e Cardozo. Uma clareira que os madeirenses souberam rentabilizar, organizando aí o seu jogo para a saída de rápidos contra-ataques. Com o Benfica partido em dois, o Nacional foi crescendo, fazendo descair o seu ataque sobre a esquerda, colocando Maxi em dificuldades. Num desses lances, os madeirenses invadiram o meio-campo encarnado numa proporção de quatro para dois. Valeu ao Benfica um corte precioso de Luisão a anular a ameaça.
Pelo meio, Quique foi obrigado a trocar Sidnei (lesionado) por Miguel Vítor, mas, ao intervalo, estava obrigado a mexer mais para corrigir a lacuna que parecia evidente. O técnico espanhol decidiu esperar mais alguns minutos e, por muito pouco, não pagou caro por isso. No primeiro lance do Nacional, os madeirenses trocam a bola na referida clareira, evoluíram em tabelinhas até libertarem Edson na área. O avançado atirou cruzado e Maxi, em carrinho, desviou para o poste. A bola esteve a escassos centímetros de se transformar em golo. Logo a seguir foi Ruben que surgiu destacado na área para, só com Moreira pela frente, atirar por cima.
A situação parecia estar a ficar incontrolável quando Quique chamou Aimar, animando desde logo as bancadas. Falso alarme. O argentino foi sentar-se no banco. No meio do caos, o Benfica quase chegou ao golo: Katsouranis levantou a bola para a área, Suazo amorteceu para a entrada de Ruben Amorim que, com as redes à disposição, atirou por cima. Logo a seguir, na sequência de mais um canto, forte cabeçada de Luisão a obrigar Bracali a grande defesa junto ao relvado. Mais um pontapé de Di Maria e as bancadas renderam-se, redobrando o apoio à equipa, mas no relvado persistiam os problemas.
Foi então, aos 67 minutos, que Quique mexeu finalmente na equipa, prescindindo de Di Maria par reforçar o ataque com Nuno Gomes, mudando o desenho para um clássico 4x3x3. O buraco no meio foi, finalmente, preenchido, com Nuno Gomes a jogar nas costas dos avançados, e Ruben Amorim a aproximar-se mais de Katsou e Yebda. Mas os minutos corriam céleres e os encarnados jogavam mais com o coração do que com a cabeça. Já em tempo de descontos, o caso do jogo: Miguel Vítor caiu na área, foi atingido por uma bola na mão e Cardozo atirou a contar. Pedro Henriques, no entanto, não contou e marcou falta do central. O ano acaba, assim, com os quatro primeiros a fazerem cerimónia para se chegarem à frente.
Fonte: Maisfutebol