A realidade não vive do encanto do sonho, mas também tem alguma piada. Terminou a epopeia bracarense na Liga dos Campeões, com uma derrota em Donetsk (2-0), num jogo muito equilibrado e decidido nos pormenores. Domingos quis ganhar o jogo, impulsionado pelas notícias que chegavam de Londres, mas acabou por destapar o caminho para a baliza e o Shakhtar aproveitou.
A toada morna imperou durante os primeiros 45 minutos. O Sp. Braga conseguiu uma boa entrada em jogo, pressionando e longe de mostrar algum receio pelo ambiente criado pelos adeptos ucranianos. Cada toque na bola dos portugueses era sublinhado com um coro de assobios. Os homens de Domingos Paciência ligaram o piloto automático, ignoraram o «inferno de Donetsk» e puseram em prática um esquema que manietou o rival. Faltou acerto na hora de sair para a frente.
Sem lances de golo de parte a parte, o jogo arrastou-se num enrolado táctico que parecia não agradar aos minhotos. É que o Arsenal já vencia o Partizan. Ao Sp. Braga pedia-se a mais hercúlea das tarefas: marcar quatro golos em 45 minutos.
Cléo deu esperança por 21 minutos
No segundo tempo o ritmo não mudou, mas as notícias de Londres fizeram aquecer os corações portugueses. O Partizan fazia o que poucos esperavam: empatava o jogo com o Arsenal. Cléo, antigo avançado do Olivais e Moscavide, aumentou os nervos dos minhotos. O sonho estava tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.
Na teoria, faltava um golo. Na prática, faltava muito mais. O Sp. Braga continuava a segurar bem o caudal ofensivo do rival, mas não tinha argumentos na frente. Domingos percebeu isso e fez a substituição que mudou o jogo. Tirou Alan, meteu Lima, o herói de Sevilha, buscando uma nova noite de glória. Só tinha de ser assim.
O técnico sabia os riscos que corria, pois Alan cobria bem as subidas de Rat, mas com o apuramento tão perto, errado era não arriscar. Acabou por correr mal. O defesa esquerdo do Shakhtar marcou o primeiro, num bom remate de fora da área e assistiu Luiz Adriano para o segundo. Antes disso, já o Arsenal tinha feito o 2-1 em Londres. Esfumava-se o sonho do Sp. Braga. Durou 21 minutos, entre os golos de Cléo e Walcott no Emirates e o de Rat, no Donbass Arena.
O Sp. Braga sai de cabeça erguida da Liga dos Campeões e entra na Liga Europa pelo portão da glória. Com 9 pontos conquistados, os minhotos acabam por ser um dos melhores terceiros classificados da Liga milionária, garantindo o estatuto de cabeça de série na prova. Fez mais pontos que o Milan, por exemplo, que, com 8, seguiu para os oitavos-de-final.
O sonho do Sp. Braga que nasceu em Glasgow, alimentou-se em Sevilha e sobreviveu até à última ronda na fase de grupos parecia ter pilhas eternas. Durou, durou e durou...até que já não havia mais nada a fazer.
Fonte: Maisfutebol