FC Porto 2-0 Olhanense
Uma questão de bom gosto. Este F.C. Porto é um guarda incorruptível do futebol elegante, refinado, seguidor das mais elementares regras de etiqueta. Junta poesia cuidada à ambição dos momentos de ataque, seja num drible, numa triangulação, num pontapé de primeira. Vence com sofisticação e, por isso, convence. O Olhanense que o diga.
É uma imagem trabalhada ao pormenor, à flor da relva. Não há um passe fora do sítio, deslocado, atrapalhado. Os adereços são harmoniosos, da baliza ao ataque. Mesmo Nicolás Otamendi, em estreia absoluta, percebeu bem a nova realidade que o rodeia.
O internacional argentino apresentou-se devidamente adaptado e correspondeu com um golo simples. Simples como devem ser as mais belas situações da vida. Depois ainda houve mais um golo, anotado por Hulk, mas esse já conhece por dentro e por fora os segredos da formosura.
2-0, seis triunfos consecutivos na Liga 2010/11, liderança plena de ostentação.
Ter boas ideias e a coragem de praticá-las
Os sintomas são evidentes, não enganam. Há um corte radical com o estilo do passado recente. Este dragão deixou a fast food e viciou-se na haute cuisine. Não gosta da vulgaridade. Prefere um argumento sustentado e enriquecido à mediocridade de um blockbuster de Verão.
Dá-se a estes luxos porque pode e sabe. João Moutinho sabe, Silvestre Varela sabe, até Fernando já sabe. Todos sabem como manipular a fealdade, a robotização sem sentido, o excesso de planeamento e a organização maquinal.
André Villas-Boas trouxe ideias a esta equipa. Deu-lhe as asas da liberdade, fê-la voar e buscar patamares de excelência. Isso é perceptível no pormenor mais simples. Sim, este Porto é mesquinho, não suporta uma peça fora do sítio, ou um triunfo de sabor agridoce.
É o cúmulo do bom gosto, insistimos. Um agente talhado para missões arriscadas, sempre impecavelmente composto, como o mais famoso dos agentes secretos da Sétima Arte. «Shaken, not stirred, por favor.»
Sem venda não há escuridão que resista
Ao olhar para este Porto, apetece dizer que agora joga sem venda. Trocou o instinto de sobrevivência pela certeza de saber viver. Os horizontes estão alargados, devidamente definidos, longe do escuro e da incerteza.
Mesmo diante de um Olhanense competente, sabedor dos ofícios da competição e que nunca perdera neste campeonato, o Porto mostrou ser uma equipa diletante. Tem prazer em possuir a bola, em trocá-la de trás para a frente, quase sempre numa progressão enfeitiçada por ares de improviso.
Foram dois golos, podiam ter sido mais, tal a panóplia de bolas perigosas que rondaram a baliza de Moretto.
O fim de uma história simples
Houve tempo para ver a melhoria de Fucile, para confirmar a tal estreia segura de Otamendi, a evolução apoplética de Fernando e a cumplicidade entre Belluschi e Moutinho. Houve também um Hulk endiabrado e poupado a horas extras, um Falcao aplicaxdo e a precisar de mais golos, e um Varela em grande forma.
Dos algarvios pode dizer-se que têm matéria-prima mais do que suficiente para uma época tranquila, no embalo do meio da tabela. Perderam bem, sem grande alarido, mas mostraram segurança e qualidade nada despicienda.
Esta é, enfim, uma história simples sobre o triunfo do bom gosto. As mais belas histórias são sempre assim.
É uma imagem trabalhada ao pormenor, à flor da relva. Não há um passe fora do sítio, deslocado, atrapalhado. Os adereços são harmoniosos, da baliza ao ataque. Mesmo Nicolás Otamendi, em estreia absoluta, percebeu bem a nova realidade que o rodeia.
O internacional argentino apresentou-se devidamente adaptado e correspondeu com um golo simples. Simples como devem ser as mais belas situações da vida. Depois ainda houve mais um golo, anotado por Hulk, mas esse já conhece por dentro e por fora os segredos da formosura.
2-0, seis triunfos consecutivos na Liga 2010/11, liderança plena de ostentação.
Ter boas ideias e a coragem de praticá-las
Os sintomas são evidentes, não enganam. Há um corte radical com o estilo do passado recente. Este dragão deixou a fast food e viciou-se na haute cuisine. Não gosta da vulgaridade. Prefere um argumento sustentado e enriquecido à mediocridade de um blockbuster de Verão.
Dá-se a estes luxos porque pode e sabe. João Moutinho sabe, Silvestre Varela sabe, até Fernando já sabe. Todos sabem como manipular a fealdade, a robotização sem sentido, o excesso de planeamento e a organização maquinal.
André Villas-Boas trouxe ideias a esta equipa. Deu-lhe as asas da liberdade, fê-la voar e buscar patamares de excelência. Isso é perceptível no pormenor mais simples. Sim, este Porto é mesquinho, não suporta uma peça fora do sítio, ou um triunfo de sabor agridoce.
É o cúmulo do bom gosto, insistimos. Um agente talhado para missões arriscadas, sempre impecavelmente composto, como o mais famoso dos agentes secretos da Sétima Arte. «Shaken, not stirred, por favor.»
Sem venda não há escuridão que resista
Ao olhar para este Porto, apetece dizer que agora joga sem venda. Trocou o instinto de sobrevivência pela certeza de saber viver. Os horizontes estão alargados, devidamente definidos, longe do escuro e da incerteza.
Mesmo diante de um Olhanense competente, sabedor dos ofícios da competição e que nunca perdera neste campeonato, o Porto mostrou ser uma equipa diletante. Tem prazer em possuir a bola, em trocá-la de trás para a frente, quase sempre numa progressão enfeitiçada por ares de improviso.
Foram dois golos, podiam ter sido mais, tal a panóplia de bolas perigosas que rondaram a baliza de Moretto.
O fim de uma história simples
Houve tempo para ver a melhoria de Fucile, para confirmar a tal estreia segura de Otamendi, a evolução apoplética de Fernando e a cumplicidade entre Belluschi e Moutinho. Houve também um Hulk endiabrado e poupado a horas extras, um Falcao aplicaxdo e a precisar de mais golos, e um Varela em grande forma.
Dos algarvios pode dizer-se que têm matéria-prima mais do que suficiente para uma época tranquila, no embalo do meio da tabela. Perderam bem, sem grande alarido, mas mostraram segurança e qualidade nada despicienda.
Esta é, enfim, uma história simples sobre o triunfo do bom gosto. As mais belas histórias são sempre assim.
Fonte: Maisfutebol