quinta-feira, 20 de novembro de 2008

HUMILHANTE

Luís Fabiano, antigo jogador do FC Porto, fez um hat-trick

Brasil 6-2 Portugal

Era para ser a brincar, mas foi muito a sério. Era para ser a consagração de Cristiano Ronaldo, mas foi Kaká, Robinho e Luís Fabiano quem mais brilhou. Um grande jogo de bola em que se manteve a tradição, com o Brasil a ganhar em casa. Um resultado expressivo (6-2) que permite a Dunga respirar, mas que deixou certamente Queiroz com falta de ar.
Apesar de tudo, Portugal entrou praticamente a ganhar no jogo, ainda em período de aquecimento, com o primeiro golo aos 5 minutos: Deco cruzou da esquerda, Bruno Alves rematou do lado contrário e Dany desviou no coração da área. Demasiado simples. Um golo que serviu apenas para despertar o monstro azul e amarelo. O Brasil cresceu a olhos vistos, conquistando o meio-campo, com mais jogadores, e chegando facilmente à baliza de Quim, com mais velocidade. O empate demorou apenas quatro minutos, num rápido contra-ataque, com Robinho a ultrapassar Pepe com o seu drible fácil e a assistir Luís Fabiano, com Paulo Ferreira a chegar atrasado à marcação e apenas com Quim pela frente.
Um golo que revelou o enorme défice que Portugal tinha no meio-campo. Uma evidência que se foi acentuando pela facilidade com que os médios brasileiros visavam a baliza portuguesa com remates de média distância. Robinho, lançado por Kaká, teve o segundo golo nos pés, numa altura em que Portugal só respondia em lances de bola parada. Não era difícil adivinhar o segundo golo do escretee este nasceu numa arrancada de Kaká que partiu tudo na direita, fugindo a Paulo Ferreira e Bruno Alves, antes de levantar a cabeça e encontrar Luís Fabiano no coração da área. O avançado do Sevilha controlou bem a bola, rodou sobre si próprio, deixando Maniche nas suas costas, e voltou a bater Quim.
Carlos Queiroz, depois de muito gritar para dentro das quatro linhas, rendeu-se às evidências e mandou aquecer Raul Meireles. Era preciso tapar aquele buraco no meio-campo onde ninguém marcava, como Kaká voltou a deixar claro com um pontapé que quase resultou no terceiro golo antes do intervalo. O seleccionador português não esperou mais e prescindiu de Dany e do apagado Tiago (pobre regresso) para apostar em Raul Meireles e Nani. Portugal ganhou músculo e centímetros na zona central, com Meireles a dar maior consistência ao meio-campo e Ronaldo a oferecer mais luta no meio-campo.
Queiroz de mãos na cabeça
No entanto, Portugal não teve tempo para assentar o seu jogo, uma vez que o Brasil continuava mais rápido, mais forte e ainda estava a crescer. Robinho partiu que nem uma flecha sobre a direita, parou à entrada da área à espera dos companheiros, combinou com Luís Fabiano ao centro e o avançado devolveu para a direita onde surgiu Maicon de rompante para finalizar com um tiro cruzado. Um golaço que levantou os adeptos das bancadas. Não havia tempo para respirar, e Luís Fabiano completou o hat-trick numa recarga a um primeiro remate de Robinho. Queiroz levava as mãos à cabeça.
Portugal ainda respirava. Bosingwa combinou com Deco que destacou Simão sobre a direita para um remate cruzado a reduzir a diferença para 2-4. Um pequeno parênteses entre os golos brasileiros, pois Elano voltou a levantar as bancadas com um potente pontapé da direita. O jogo foi depois morrendo, com uma série de substituições dos dois lado a quebrar o ritmo, mas ainda houve tempo para mais uma obra-de-arte, concluída por Adriano.
Um resultado pesado, o quarto jogo sem vencer, que obriga Carlos Queiroz a reflectir e a apresentar explicações. Na verdade, a equipa foi um autêntico equívoco, logo no onze apresentado no início do jogo. Se o objectivo era jogar taco-a-taco, a ideia era boa: jogar praticamente sem trinco (Tiago há muito que não ocupa esse lugar), com três jogadores formando um vértice a meio-campo com Deco mais adiantado, tendo nas costas Maniche e o médio da Juventus. Portugal ganhava de facto poder ofensivo, jogava no meio campo adversário, mas destapava a zona defensiva permitindo ao Brasil partir para rápidos contra-ataques, através de jogadores com um domínio de bola que é reconhecido. Foi aí que a equipa das qunas se começou a afundar, também porque jogadores como Pepe, Bosingwa ou Simão encaravam o jogo como se estivessem a jogar contra uma equipa amadora.
Queiroz não soube de facto armar uma equipa rigorosa e organizada para um jogo contra a mais imprevisível equipa de futebol do mundo. Exigia-se disciplina táctica e ordem defensiva, exigia-se que as vedetas portuguesas não tivessem uma atitude de quem vai fazer turismo e exigia-se também que Cristiano Ronaldo rendesse mais, ele que deixou uma pálida imagem em terras de Vera Cruz, quebrando de certa forma a onde de entusiasmo que havia à sua volta antes do jogo. E nem se pode afirmar que existe esta diferença entre as duas equipas: Portugal não tem a quantidade de jogadores que tem o Brasil, mas pode em qualquer altura e jogando como melhor sabe, bater a equipa canarinha, como aliás já sucedeu recentemente.
Portugal tarda em acertar agulhas e a situação começa a ficar preocupante para o seleccionador nacional, agora que se aproxima a fase decisiva da qualificação para o Mundial.

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