Achou, em algum momento, que não ia sair? «Pensei nisso várias vezes, porque estava a ver o tempo passar e as coisas não se resolviam. Como a situação não andava para a frente nem para trás, achei que ia ficar mais uma época no F.C. Porto. Mas acho que seria mau para o clube e para mim. Os responsáveis perceberam isso e deixaram-me sair.»
Como foi passar toda a pré-temporada sem jogar? «Não jogava porque sabiam que não estava bem. Tive várias conversas com os responsáveis do clube. Sempre disse o que pretendia e sempre me respeitaram e tentaram ajudar. Não ia para dentro de campo da forma como estava. Não ia ser bom para a equipa nem para mim. Treinava, não causava problemas a ninguém e ajudava os meus colegas sempre que precisavam, como sempre fiz. Treinava, como sempre treinei. Em termos de treino e trabalho ninguém pode criticar-me. Considero-me um grande profissional e em relação a isso ninguém pode apontar-me nada. Mas a minha cabeça não estava ali, porque queria sair. Falava com as pessoas e nada se resolvia. Só me diziam para ter calma, mas a verdade é que não via a minha situação resolvida. Foi uma fase bastante complicada na minha vida. Houve muita ansiedade, nervos, muita coisa junta. Não é fácil lidar com uma situação dessas.»
Viajou para Itália na véspera de fecharem as inscrições. O que pensou durante o voo? «Só pensava em assinar logo e terminar com toda aquela ansiedade. Foi mais de um mês sob uma ansiedade muito difícil de controlar. Por mais que tentasse evitar, a verdade é que também envolvia a minha família. Também eles andavam ansiosos ao ver-me assim. Era difícil esconder essa ansiedade. Só queria assinar e ligar à minha mãe e aos meus irmãos e dizer que já estava tudo resolvido.»
Quando foi apresentado esse nervosismo finalmente desapareceu? Sentiu-se aliviado? «Já estava um pouco mais aliviado, mas o stress ainda continuava no meu corpo. Agora sinto-me feliz e tranquilo. Nada, no mundo do futebol, me preocupa neste momento.»
Em alguns treinos pôde ver-se Jesualdo Ferreira a falar consigo, que papel teve em todo o processo? «O mister fazia o trabalho dele. Falava comigo e perguntava-me como estava. Tivemos várias conversas, mas obviamente não vou revelar o seu teor. No entanto, ele sabia como é que eu estava e o quê que eu queria. Sempre tentou ajudar-me, assim como as pessoas do F.C. Porto. Não vou estar a criticar ninguém.»
"ENSINARAM-ME A AMAR O FC PORTO"
Sente alguma mágoa pela forma como foi tratada a transferência? Por ter demorado tanto tempo e ter sido sujeito a essa ansiedade? «Não sinto mágoa. Entendo o F.C. Porto e também o Inter. Cada um fez o seu papel. Sei que tudo poderia ter sido resolvido mais cedo, mas não vou criticar ninguém, até porque o F.C. Porto foi um clube que me fez muito bem. Ensinaram-me a amar aquele clube. Tem um grande presidente e não guardo mágoa, pelo menos da maior parte das pessoas.»
No final da época 2006/07 disse que o pior momento da sua carreira tinha sido o penalty falhado na Taça, frente ao Atlético. Esta espera pode superar esse momento? «Não. Continuo a dizer que o penalty foi das piores coisas que me aconteceram. Isto é diferente. É complicado estar, durante um mês e tal, com a sensação do «vou, não vou» e estar sempre à espera de um telefonema ou que alguém venha e diga «está tudo resolvido, podes ir». Uma pessoa chega à cama e nem dorme, sempre a pensar no mesmo. Foi difícil, mas continuo a dizer que o penalty falhado foi pior.»
3 comentários:
yeah! its much better,
wow, very special, i like it.
im your favorite reader here!
Enviar um comentário