domingo, 31 de outubro de 2010

SERENATA À CHUVA

Académica 0-1 FC Porto
Nem o temporal diluviano que se abateu sobre Coimbra impediu, neste sábado, o F.C. Porto de somar a 15ª vitória em 16 jogos oficiais. Os comandados de André Villas Boas, de regresso ao local onde começou a treinar, já tinham dado provas de enorme carácter e capacidade de lutar contra a adversidade jogando, por exemplo, com um jogador a menos mas ganhar num relvado que mais parecia uma piscina olímpica foi, de facto, inédito esta época.

Foi, por conseguinte, um triunfo sofrido, sobretudo porque, depois de desperdiçar oportunidades para fazer o segundo golo, os dragões tiveram de suportar um assalto final dos estudantes que poderia ter feito estragos, com uma bola à barra num livre de Hugo Morais e, depois, na recarga de Sougou. Um triunfo à míngua, graças a um lance de clarividência de Varela, que não se afogou na enxurrada.

Perante o terceiro classificado da Liga e detentor do segundo melhor ataque da prova, o teste foi superado com distinção, uma semana antes do «clássico» diante dos arqui-rivais da Luz, e com um jogo europeu, frente ao Besiktas, pelo meio. Nesse último encontro, o técnico portista poderá, até, fazer algumas poupanças, algo que não aconteceu, como se esperava, diante da Briosa. Sem surpresas, Sapunaru reassumiu o lado direito da defesa, enquanto Belluschi surgiu no lugar de Rúben Micael no meio-campo. De resto, tudo igual.

O relvado do Estádio Cidade de Coimbra até é novo, estreado na semana passada, mas, por sinal, o sistema de drenagem não terá escoado devidamente a água e isso repercutiu-se no terreno de jogo, que ficou completamente alagado. Os problemas atingiram toda a gente, desde as equipas aos árbitros, tal a dificuldade em ajuizar sobre os inúmeros choques entre jogadores. Fazer uma jogada com princípio, meio e fim foi quase impossível, prevalecendo, essencialmente, a capacidade de luta de estudantes e dragões. Levantar a bola o mais possível foi a solução, num estilo prático e despachado porque o futebol, a dado momento, mais parecia pólo aquático.

Vítimas do relvado

A primeira vítima das condições da relva foi Fernando, que, a meio da primeira parte, teve de sair devido a lesão. Logo de seguida, também Hélder Cabral, depois de um lance com Hulk, teve de ser assistido, mas acabou por voltar ao jogo. A qualidade do jogo só melhorava (muito ligeiramente) quando a chuva abrandava mas não dava para mais. As características da partida favoreciam a Académica, que, evitando desconcentrações, conseguia manter-se a salvo da chama do dragão, e até logrou, através de Diogo Valente e Sougou, embaraçar Helton e companhia.

Via-se que o F.C. Porto queria jogar e alvejar a baliza de Peiser mas as condições do terreno eram um obstáculo quase intransponível. A luz chegou quando, a partir de um lançamento lateral de Álvaro Pereira, num lance pelo ar, Varela puxou pelo seu lado acrobático e mostrou como, de forma inteligente, se pode fintar dilúvio. O intervalo estava a chegar e o golo veio premiar a insistência portista, permitindo uma segunda parte mais tranquila.

A chuva deu tréguas e a bola voltou a fluir, permitindo aos dragões um melhor controlo da partida. João Moutinho ainda desperdiçou uma grande penalidade, atirando ao poste esquerda da baliza de Peiser mas sentia-se que o F.C. Porto detinha as rédeas dos acontecimentos e não iria deixar-se surpreender, apesar do susto final. Na hora de puxar dos galões, ainda pairaram algumas dúvidas, mas a magra vitória não escapou aos comandados de Villas Boas.

Fonte: Maisfutebol

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