terça-feira, 7 de abril de 2009

ABRAM ALAS AOS CAMPEÕES

Teatro dos sonhos é o futebol dos Dragões
Manchester United 2-2 FC Porto

O FC Porto mostrou hoje à Europa do futebol toda a sua categoria, ao colocar Old Trafford em sentido, só não resolvendo a eliminatória por manifesto azar e uma falha individual de Bruno Alves, que ofereceu, aos 15 minutos de jogo, o empate aos campeões da Europa.
Na verdade, a equipa foi esplêndida na interpretação táctica da estratégia montada por Jesualdo Ferreira, que atinge o seu apogeu enquanto treinador ao terceiro ano nos Dragões. Grande espírito de sacrifício, grande capacidade de explosão nas transições defesa-ataque, óptima interpretação das movimentações ofensivas de Scholes e companhia. Grande Fernando e grande Cissokho, mas todos foram grandes, a começar com Helton, que desta vez não inventou. Apenas o senão do lance de Bruno Alves, que manchou uma exibição sem mácula. Não fosse essa fífia do central dos Dragões, e os campeões nacionais estariam agora a cantar uma mais que merecida vitória, mas a eliminatória não acaba aqui e será necessário um grande Porto na próxima semana.
Tudo continua em aberto, mas a verdade é que poucos seriam aqueles que vaticinariam uma tal exibição de poder do FC Porto no teatro dos sonhos.
No final, a certeza que, de sonho, é a equipa portuguesa, que vulgarizou o teatro mítico inglês.
Rodriguez
E agora, já sabem quem é o FC Porto?
E agora, já sabem quem é o F.C. Porto? Acreditamos que sim. Depois do empate a duas bolas e da tremenda lição de futebol dada pelo tricampeão português em Old Trafford, o Manchester United terá percebido que o futebol não se esgota na sua ilha. Os dragões viveram o mais alto momento europeu desde a conquista da Liga dos Campeões em 2004. Fernando foi enorme. Dia 15 de Abril, o argumento desta estupenda história continua no Estádio do Dragão.
No «Teatro dos Sonhos» salta à vista o marcador electrónico. Aqui, o tempo corre ao contrário e agudiza o suspense. Bem ao estilo 24 ou, para os mais saudosistas, Missão Impossível. Os jogadores percebem a relevância da missão que têm entre mãos. O recuar dos minutos concentra-os, torna-os snipers que não podem falhar.
Quando o placard anuncia 41 minutos até ao intervalo, já Lisandro Lopez obrigara Van der Sar a uma grande defesa e Cristian Rodríguez silenciara num espasmo triunfante o ardor de Old Trafford. Num lampejo mordaz, o uruguaio despedaçava em ridículos tremores a tão propalada arrogância britânica. Durante os minutos que se seguiram, o F.C. Porto daria uma lição de muito e bom futebol na própria casa do Campeão da Europa e do Mundo.
Não fosse um erro grave de Bruno Alves, desconcentrado num atraso para Helton, os dragões teriam chegado muito justamente a vencer ao intervalo. Wayne Rooney, felino, aproveitou o lapso do defesa e empatou uma contenda controlada exemplarmente pela equipa de Jesualdo Ferreira.
Sem invenções e com os melhores
Chegara a hora de o F.C. Porto assumir a sua grandeza europeia. Jesualdo Ferreira percebeu-o, os seus jogadores também. Esta noite não houve espaço a adaptações desequilibrantes de última hora na estrutura azul e branca. Jogaram os melhores, como deve acontecer sempre. Como Jesualdo prometera, a equipa manteve a identidade, os processos e a ambição de um qualquer outro jogo menos mediático.
Fez um golo a abrir, criou mais três ou quatro oportunidades até ao intervalo e depois bloqueou com uma personalidade notável as armas de destruição massiva que o United tem ao seu dispor no ataque.
Impulsionado por um público fantástico, o ManUtd incomodou Helton na segunda parte, naturalmente, mas sempre com mais coração e por obrigação do que com serenidade e qualidade. Depois desta noite, só por mero autismo crónico os red devils poderão olhar com desleixo para o F.C. Porto. Não há mais desculpas possíveis.
A injustiça conferida pelo golo de Tevez à partida foi quase de pronto anulada pelo empate de Mariano Gonzalez. Isto tudo nos derradeiros minutos. O empate subsistiu. Cristiano quê?
E o prémio da decepção da noite vai para¿ Cristiano Ronaldo. O melhor jogador do mundo de 2008 foi mordido pela abominável displicência que pairou sobre Old Trafford nos últimos dois. Só pode. Apático, distante, de braços caídos, apareceu bem em dois ou três lances e foi completamente envolvido pelo jogo tremendo de Fernando.
Esta poderia ser muito bem a história da «Formiga e da Cigarra». O jovem médio do F.C. Porto colheu, colheu e alimentou todos os colegas de equipa. A Ronaldo só terá faltado uma espreguiçadeira e uns óculos de sol. Não é assim que se conquistam plateias e se fidelizam fãs.
Fonte: Maisfutebol

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