Rio Ave 0-2 FC Porto
Dragão galanteador, atrevido, conquistador. Entontece o adversário, usa e abusa do alvo, gere a relação como bem entende e reage com brusquidão se contrariado. Na hora do coup de grâce, o golpe de misericórdia, há um homem talhado para a tarefa. Chama-se Hulk, vive num luto de revolta e arrasa quem lhe surge pela frente. Dois golos em Vila do Conde, a confirmar a liderança descomplexada do F.C. Porto.
André Villas-Boas tem ideias definidas, convicções cirúrgicas. Não abdica, por exemplo, da competência na posse de bola e recusa resignar-se com a mediocridade. A mensagem está a ser passada ao grupo e o segundo golo diante do Rio Ave é o exemplo crasso de uma teoria resoluta incorporada em prática deleitosa.
Resumamos: tabela de Fucile com Hulk, toque do uruguaio para o meio, Falcao passa a Belluschi, dois toques do argentino e Silvestre Varela solicitado na esquerda. Depois, centro rasteiro e finalização simples de Hulk (lembram-se dele no início do lance?)
Há algumas décadas havia alguém a chamar a isto «futebol total».
Hulk na pele de um atrevido
O flirt não foi, porém, sempre bem sucedido. Nada disso. Há personalidade na equipa do Rio Ave, há vontade própria. Para triunfar, o Porto teve de suar as estopinhas, sofrer a bom sofrer, namoriscar e enlear a vítima, uma e outra vez até respirar de alívio.
A igualdade durou 22 minutos, altura em que Hulk decidiu abrir as hostilidades. Incisivo pela esquerda, fonte de tantos e tantos lances de ataque, o F.C. Porto aproveitou um choque entre Mário Felgueiras e Falcao para celebrar a primeira missão na pele de bon vivant enamorado pela vida.
Pose altiva, face lívida, num misto de ousadia e inconsciência, lá teve de ser Hulk a fazer o primeiro avanço. A primeira vez é inesquecível e marcante. A partir daí, este choque de vontades opostas verteu tendencialmente para o mais forte.
Fernando, a imagem de um novo Porto
Já se percebeu a ideia: o F.C. Porto venceu bem, justa e assertivamente. Nem tudo é perfeito neste novo organismo, embora as virtudes suplantem em muito os defeitos. Veja-se o caso de Fernando e esqueça-se o perfil traçado nas temporadas transactas.
Os tentáculos do Polvo são uma extensão do dogma concebido por Villas-Boas. Atingem zonas outrora esquecidas, espaços aparentemente condenados à bruma e pedaços de relva reservados para outros. Fernando recupera, distribui, acelera, sobe e desequilibra.
Confiante, parece dar um grito de liberdade, finalmente solto de um colete de forças imposto pelas estratégias do passado. Que belo jogador está este médio-defensivo.
Polémica a duplicar na área do dragão
Vamos às alegações finais e ao momento de maior polémica na peleja. Bem perto do intervalo, Alvaro Pereira derruba claramente Tarantini na área do dragão. Claríssimo, penalty por marcar a favor do Rio Ave. Instantes antes, contudo, há um atleta vilacondense a beneficiar de uma posição irregular. Aí é o F.C. Porto a ter razões de queixa.
Bem vistas as coisas, nada há a apontar ao desenlace. Sorriu quem mais sorri nestas visitas a Vila do Conde. Venceu o iconoclasta, encantado que está com a entrada numa nova era, onde há lugar à criatividade e ao improviso. Que se dane a formatação.
Uma última palavra para o Rio Ave: um ponto em três jogos não é brilhante. De qualquer forma, Carlos Brito tem tudo para repetir a tranquilidade de 2009/10.
Fonte: Maisfutebol
André Villas-Boas tem ideias definidas, convicções cirúrgicas. Não abdica, por exemplo, da competência na posse de bola e recusa resignar-se com a mediocridade. A mensagem está a ser passada ao grupo e o segundo golo diante do Rio Ave é o exemplo crasso de uma teoria resoluta incorporada em prática deleitosa.
Resumamos: tabela de Fucile com Hulk, toque do uruguaio para o meio, Falcao passa a Belluschi, dois toques do argentino e Silvestre Varela solicitado na esquerda. Depois, centro rasteiro e finalização simples de Hulk (lembram-se dele no início do lance?)
Há algumas décadas havia alguém a chamar a isto «futebol total».
Hulk na pele de um atrevido
O flirt não foi, porém, sempre bem sucedido. Nada disso. Há personalidade na equipa do Rio Ave, há vontade própria. Para triunfar, o Porto teve de suar as estopinhas, sofrer a bom sofrer, namoriscar e enlear a vítima, uma e outra vez até respirar de alívio.
A igualdade durou 22 minutos, altura em que Hulk decidiu abrir as hostilidades. Incisivo pela esquerda, fonte de tantos e tantos lances de ataque, o F.C. Porto aproveitou um choque entre Mário Felgueiras e Falcao para celebrar a primeira missão na pele de bon vivant enamorado pela vida.
Pose altiva, face lívida, num misto de ousadia e inconsciência, lá teve de ser Hulk a fazer o primeiro avanço. A primeira vez é inesquecível e marcante. A partir daí, este choque de vontades opostas verteu tendencialmente para o mais forte.
Fernando, a imagem de um novo Porto
Já se percebeu a ideia: o F.C. Porto venceu bem, justa e assertivamente. Nem tudo é perfeito neste novo organismo, embora as virtudes suplantem em muito os defeitos. Veja-se o caso de Fernando e esqueça-se o perfil traçado nas temporadas transactas.
Os tentáculos do Polvo são uma extensão do dogma concebido por Villas-Boas. Atingem zonas outrora esquecidas, espaços aparentemente condenados à bruma e pedaços de relva reservados para outros. Fernando recupera, distribui, acelera, sobe e desequilibra.
Confiante, parece dar um grito de liberdade, finalmente solto de um colete de forças imposto pelas estratégias do passado. Que belo jogador está este médio-defensivo.
Polémica a duplicar na área do dragão
Vamos às alegações finais e ao momento de maior polémica na peleja. Bem perto do intervalo, Alvaro Pereira derruba claramente Tarantini na área do dragão. Claríssimo, penalty por marcar a favor do Rio Ave. Instantes antes, contudo, há um atleta vilacondense a beneficiar de uma posição irregular. Aí é o F.C. Porto a ter razões de queixa.
Bem vistas as coisas, nada há a apontar ao desenlace. Sorriu quem mais sorri nestas visitas a Vila do Conde. Venceu o iconoclasta, encantado que está com a entrada numa nova era, onde há lugar à criatividade e ao improviso. Que se dane a formatação.
Uma última palavra para o Rio Ave: um ponto em três jogos não é brilhante. De qualquer forma, Carlos Brito tem tudo para repetir a tranquilidade de 2009/10.
Fonte: Maisfutebol
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